domingo, 31 de julho de 2011

Oraçao aos orixas

Que todos os Orixás estejam sempre à frente, abrindo teus caminhos!
-que ogum com sua espada lhe ajude em todas as batalhas!
-que iansã te de clareza para separar o joio do trigo!
-que xangô lhe proteje das injustiças do mundo!
-que odé/otim lhe deem conhecimentos e farturas!
-que obá lhe proteje dos corte e das demandas!
-que ossain lhe traga a magia das ervas e o seu conhecimento!
-que xapanã te de sempre muita saúde!
-que os ibejis te proporcione alegrias inocentes e pureza!
-que a minha grande mãe oxum te cubra com o seu manto de amor e riquezas!
-que a a grande mãe iemanja leve com sua ondas todas as tristezas e angustias!
-que o grande pai oxalá te abençoe e lhe cubra de paz!

domingo, 24 de julho de 2011

Saudaçao a Obá

Lendas de Nana

As lendas de Nanã

Afirma-se que Nanã era a rainha de um povo e que tinha poder sobre os mortos. Para roubar esse poder, Oxalá desposou-a, mas não ligava para ela. Nanã, então, fez um feitiço para ter um filho. Tudo aconteceu como ela queria mas, por causa do feitiço, o filho, Omolu nasceu todo deformado. Horrorizada, Nanã jogou-o no mar para que morresse. Como castigo pela crueldade, quando Nanã engravidou de novo, Orunmilá disse que o filho seria lindo mas se afastaria dela para correr mundo. Assim, nasceu Oxumaré, que durante seis meses do ano vive no céu como o arco-íris, e nos outros seis é uma cobra que se arrasta no chão.
Em outra lenda, conta-se que, na aldeia chefiada por Nanã, quando alguém cometia um crime, era amarrado a uma árvore. Nanã então chamava os Eguns para assustá-lo. Ambicionando esse poder, Oxalá foi visitar Nanã e deu-lhe uma poção que fez com que ela se apaixonasse por ele. Nanã dividiu o reino com ele, mas proibiu a sua entrada no Jardim dos Eguns. Oxalá então espionou-a e aprendeu o ritual de invocação dos mortos. Depois, disfarçando-se de mulher com as roupas de Nanã, foi ao jardim e ordenou aos Eguns que obedecessem "ao homem que vivia com ela" (ele mesmo). Quando Nanã descobriu o golpe, quis reagir mas, como estava apaixonada, acabou aceitando deixar o poder com o marido. Hoje no Culto aos Egungun só os homens são iniciados para invocar os Eguns.
Uma terceira lenda refere que, certa vez, os Orixás se reuniram e começaram a discutir qual deles seria o mais importante. A maioria apontava Ogum, considerando que ele é o Orixá do ferro, o que deu à humanidade o conhecimento sobre o preparo e uso das armas de guerra, dos instrumentos para agricultura, caça e pesca, e das facas para uso doméstico e ritual. Somente Nanã discordou e, para provar que Ogum não era tão importante assim, torceu com as próprias mãos o pescoço dos animais destinados ao sacrifício em seu ritual. É por isso que os sacrifícios para Nanã não podem ser feitos com instrumentos de metal.

Lenda Oxumare

Oxumaré

Arrobo Boi!

Oxumaré era, antigamente, um adivinho (babalaô).
O adivinho do rei Oni.
Sua única ocupação era ir ao palácio real no "dia do segredo";
dia que dá início à semana de quatro dias dos iorubas.
O rei Oni não era um rei generoso.
Ele dava apenas, a cada semana,
uma quantia irrisória a Oxumaré que,
por esta razão, vivia na miséria com a sua família.
O pai de Oxumaré tinha um belo apelido.
Chamavam-no "o proprietário do xale de cores brilhantes".
Mas, tal como seu filho, ele não tinha poder.
As pessoas da cidade não o respeitavam.
Oxumaré, magoado com esta triste situação, consultou Ifá.
"Como tornar-se rico, respeitado,
conhecido e admirado por todos?"
Ifá o aconselhou a fazer oferendas.
Disse-lhe que oferecesse
uma faca de bronze, quatro pombos e
quatro sacos de búzios da costa.

No momento que Oxumaré fazia estas oferendas,
o rei mandou chamá-lo.
Oxumaré respondeu:
"Pois não, chegarei tão logo tenha terminado a cerimônia".
O rei, irritado pela espera, humilhou Oxumaré,
recriminou-o e negligenciou, até,
a remessa de seus pagamentos habituais.

Entretanto, voltando à sua casa,
Oxumaré recebeu um recado:
Olokum, a rainha de um país vizinho, desejava consultá-lo
a respeito de seu filho, que estava doente.
Ele não podia manter-se de pé, caía,
rolava no chão e queimava-se nas cinzas do fogareiro.

Oxumaré dirigiu-se à corte da rainha Olokum
e consultou Ifá para ela.
Todas as doenças da criança foram curadas.
Olokum, encantada com este resultado,
recompensou Oxumaré.
Ela ofereceu-lhe uma roupa azul, feita de um rico tecido.
Ela deu-lhe muitas riquezas, servidores e um cavalo,
com o qual Oxumaré retornou à sua casa, em grande estilo.
Um escravo fazia rodopiar um guarda-sol sobre a sua cabeça
e músicos cantavam seus louvores.

Oxumaré foi saudar o rei.
O rei Oni ficou surpreso e disse-lhe:
"Oh! De onde viestes?
De onde saíram todas estas riquezas?"
Oxumaré respondeu-lhe a rainha Olokum o havia consultado.
"Ah! Foi então Olokum que fez tudo isto por você!"
Estimulado pela rivalidade,
o rei Oni ofereceu a Oxumaré uma roupa do mais belo vermelho,
acompanhada de muitos outros presentes.
Assim, Oxumaré tornou-se rico e respeitado.

Entretanto, Oxumaré era amigo de Chuva.
Quando Chuva reunia as nuvens,
Oxumaré agitava sua faca de bronze
e a apontava em direção ao céu,
como se riscasse de um lado a outro.
O arco-íris aparecia e Chuva fugia.
Todos gritavam: "Oxumaré apareceu!"
Oxumaré tornou-se muito célebre.

Nesta época, Olodumaré o deus supremo,
aquele que estende a esteira real em casa
e caminha na chuva,
começou a sofrer da vista e nada mais enxergava.
Ele mandou chamar Oxumaré
e o mal dos seus olhos foram curados.
Depois disto, Olodumaré não deixou mais que Oxumaré retornasse à Terra.

Desde este dia, é no céu que ele mora
e só tem permissão de visitar a Terra a cada três anos.
É durante estes anos que as pessoas tornam-se ricas e prósperas.

Lenda Obaluae

Obaluaê

Atotô!

Xapanã nasceu em Empê,no território Tapá,também chamado Nupê.
Era um guerreiro terrível que,seguido de suas tropas,
percorria o céu e os quatro cantos do mundo.
Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem.
Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste.
assim,chegou Xapanã em território Mahi,no Daomé.
A terra dos mahis abrangia as cidades de Savalu e Dassa Zumê.

Quando souberam da chegada iminente de Xapanã,
os habitantes desta região,apavorados,consultaram um adivinho.
E assim ele falou:
"Ah! O grande guerreiro chegou de Empê!
Aquele que se tornará o senhor do país!
Aquele que tornará esta terra rica e próspera,chegou!
Se o povo não aceitá-lo,ele o destruirá!
É necessário que supliquem a Xapanã que vos poupe.
Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele goste:
inhame pilado,feijão,farinha de milho,azeite de dendê,picadinho de carne de bode
e muita,muita pipoca!
Será necessário,também,
que todos se curvem diante dele,
que o respeitem e o sirvam.
Desde que o povo o reconheça como pai,
Xapanã não o combaterá,mas protegerá a todos!"

Quando Xapanã chegou,conduzindo seus ferozes guerreiros,
os habitantes de Savalu e Dassa Zumê reverenciaram-no,
encostando suas testas no chão,e saudaram-no:

Totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!
"Respeito e submissão!"

Xapanã aceitou os presentes e as homenagens,dizendo:
"Está bem! Eu os pouparei!
Durante minhas viagens,desde Empê,minha terra natal,
sempre encontrei desconfiança e hostilidade.
Construam para mim um palácio.
É aqui que viverei à partir de agora!"

Xapanã instalou-se assim entre os mahis.
O país prosperou e enriqueceu,
e o grande guerreiro não voltou mais a Empê,
no território Tapá,também chamado Nupê.

Xapanã é considerado o deus da varíola e das doenças contagiosas.
Ele tem,também,o poder de curar.
As doenças contagiosas são,na realidade,
punições aplicadas àqueles que o ofenderam ou conduziram-se mal.
Seu verdadeiro nome,é perigoso demais pronunciar.
Por prudência,é preferível chamá-lo Obaluaê,O "Rei Senhor da Terra"
ou Omulu,o "Filho do Senhor".

Quando Xapanã instalou-se entre os mahis,
recebeu,em uma nova terra,o nome de Sapatá.
Aí também,era preferível chamá-lo Ainon,o "Senhor da Terra",
ou,então, Jeholu,o "Senhor das Pérolas".

O fato de ser chamado Jeholu e Ainon
causou mal-entendidos entre Sapatá e os reis do Daomé,
pois eles também usavam estes títulos.
Enciumados,os Jeholu de Abomey expulsaram,várias vezes,
Jeholu Ainon do Daomé e obrigaram-no a voltar,
transitoriamente,à terra dos mahis.
Jeholu Ainon vingou-se:
vários reis daomeanos morreram de varíola!

Lenda Ossain

Ossain

Ossain recebera de Olodumaré o segredo das folhas.
Ele sabia que algumas delas traziam a calma ou o vigor.
Outras, a sorte, as glórias, as honras, ou, ainda,
a miséria, as doenças e os acidentes.
Os outros orixás não tinham poder sobre nenhuma planta.
Eles dependiam de Ossain para manter a saúde
ou para o sucesso de suas iniciativas.

Xangô, cujo temperamento é impaciente, guerreiro e imperioso,
irritado com esta desvantagem,
usou de um ardil para tentar usurpar, de Ossain,
a propriedade das folhas.
Falou do plano à sua esposa Iansã, a senhora dos ventos.
Explicou-lhe que, em certos dias,
Ossain pendurava, num galho de Iroko,
uma cabaça contendo suas folhas mais poderosas.
"Desencadeie uma tempestade bem forte num desses dias", disse-lhe Xangô.

Iansã aceitou a missão com muito gosto.
O vento soprou a grandes rajadas,
levando o telhado das casas,
arrancando as árvores,
quebrando tudo por onde passava e,
o fim desejado, soltando a cabaça do galho onde estava pendurada.
A cabaça rolou para longe e todas as folhas voaram.
Os orixás se apoderaram de todas
Cada um tornou-se dono de algumas delas,
mas Ossain permaneceu senhor do segredo de suas virtudes
e das palavras que devem ser pronunciadas para provocar sua ação.
E, assim, continuou a reinar sobre as plantas,
como senhor absoluto.
Graças ao poder (axé) que possui sobre elas.

Lenda Oxossi

Oxóssi

Okê!

Olofin era um rei africano da terra de Ifé,lugar de origem de todos os iorubas.
Cada ano,na época da colheita,Olofin comemorava,em seu reino,a Festa dos Inhames.
Ninguém no país podia comer dos novos inhames antes da festa.
Chegado o dia,o rei instalava-se no pátio do seu palácio.
Suas mulheres sentavam-se à sua direita,
seus ministros sentavam-se à sua esquerda,
seus escravos sentavam-se atrás dele,agitando leques e espanta-moscas,
e os tambores soavam para saudá-lo.
As pessoas reunidas comiam inhame pilado e bebiam vinho de palma.
Elas comemoravam e brincavam.
De repente,um enorme pássaro voou sobre a festa.
O pássaro voava à direita e voava à esquerda...
Até que veio pousar sobre o teto do palácio.
A estranha ave fora enviada pelas feiticeiras,
furiosas porque não foram também convidadas para a festa.
O pássaro causava espanto a todos!
Era tão grande que o rei pensou ser uma nuvem cobrindo a cidade.
Sua asa direita cobria o lado esquerdo do palácio,
sua asa esquerda cobria o lado direito do palácio,
as penas do seu rabo varriam o quintal e sua cabeça,o portal da entrada.
As pessoas assustadas comentavam:
"Ah! Que esquisita surpresa?"
"Eh! De onde veio este desmancha-prazer?"
"Ih! O que veio fazer aqui?"
"Oh! Bicho feio de dar dó!"
"Uh! Sinistro que nem urubu!"
"Como nos livraremos dele?"
"Vamos,rápido,chamar os caçadores mais hábeis do reino."
De Idô,trouxeram Oxotogun,o "Caçador das vinte flechas".
O rei lhe ordenou matar o pássaro com suas vinte flechas.
Oxotogun afirmou:
"Que me cortem a cabeça se eu não o matar!"
E lançou suas vinte flechas,mas nenhuma atingiu o enorme pássaro.
O rei mandou prendê-lo.
De Morê,chegou Oxotogi,o "Caçador das quarenta flechas".
O rei lhe ordenou matar o pássaro com com suas quarenta flechas.
"Oxotogi afirmou:
"Que me condenem à morte,se eu não o matar!"
E lançou suas quarenta flechas,mas nenhuma atingiu o pássaro.
O rei mandou prendê-lo.
De Ilarê,apresentou-se Oxotadotá,o "Caçador das cinqüenta flechas".
Oxodotá afirmou:
"Que exterminem toda a minha família,se eu não o matar".
Lançou suas cinqüenta flechas e nenhuma atingiu o pássaro.
O rei mandou prendê-lo.
De Iremã,chegou,finalmente,Oxotokanxoxô,o "Caçador de uma flecha só".
O rei lhe ordenou matar o pássaro com sua única flecha.
Oxotokanxoxô afirmou:
"Que me cortem a cabeça em pedaços se eu não o matar!"

Ouvindo isto,a mãe de Oxotokanxoxô,que não tinha outros filhos,
foi rápido consultar um babalaô,o adivinho,
e saber o que fazer para ajudar seu único filho.
"Ah! disse-lhe o babalaô".
"Seu filho está a um passo sa morte ou da riqueza.
Faça uma oferenda e a morte tornar-se-á riqueza".
E ensinou-lhe como fazer uma oferenda que agradasse as feiticeiras.
A mãe sacrificou,então,uma galinha,abrindo-lhe o peito,
e foi rápido colocar na estrada,gritando três vezes:
"Que o peito do pássaro aceite este presente!"
foi no momento exato que Oxotokanxoxô atirava sua única flecha.
O feitiço pronunciado pela mãe do caçador chegou ao grande pássaro.
Ele quis receber a oferenda e relaxou o encanto que o protegera até então.
A flecha de Oxotokanxoxô o atingiu em pleno peito.
O pássaro caiu pesadamente,se debateu e morreu.
A notícia espalhou-se:
"Foi Oxotokanxoxô,o "Caçador de uma flecha só",que matou o pássaro!
O rei lhe fez uma promessa,se ele o conseguisse!
Ele ganhará a metade da sua fortuna!
Todas as riquezas do reino serão divididas ao meio,
e uma metade será dada a Oxotokanxoxô!!"
Os três caçadores foram soltos da prisão e,como recompensa,
Oxotogun,o "Caçador das vinte flechas",
ofereceu a Oxotokanxoxô vinte sacos de búzios;
Oxotogi,o "Caçador das quarenta flechas",ofereceu-lhe quarenta sacos;
Oxotadotá,o "Caçador das cinqüenta flechas",ofereceu-lhe cinqüenta.
E todos cantaram para Oxotokanxoxô.
O babalaô,também,juntou-se a eles,cantando e batendo em seu agogô:

"Oxowusi! Oxowusi!! Oxowusi!!! "O caçador Oxó é popular!"

E assim é que Oxotokanxoxô foi chamado Oxowusi.
Oxowusi! Oxowusi!! Oxowusi!!!

Lenda Ogum ou Ogun

Ogum

Ogum Yêêê!

Ogum era o mais velho e o mais combativo
dos filhos de Odudua,o conquistador e rei de Ifé.
Por isto,tornou-se o regente do reino quando Odudua,
momentaneamente,perdeu a visão.
Ogum era guerreiro sanguinário e temível.

"Ogum,o valente guerreiro,
O homem louco dos músculos de aço!
Ogum,que tendo água em casa,
lava-se com sangue!"

Ogum lutava sem cessar contra os reinos vizinhos.
Ele trazia sempre um rico espólio de suas expedições,
além de numerosos escravos.
Todos estes bens conquistados,ele entregava a Odudua,seu pai,rei de Ifé.

"Ogum o violento guerreiro,
o homem louco,dos músculos de aço.
Ogum,que tendo em casa,
lava-se com sangue!"

Ogum teve muitas aventuras galantes.
Ele conheceu uma senhora,chamada Elefunlosunlori-
"aquela que pinta a cabeça com pó branco e vermelho."
Era a mulher de Orixá Okô,o Deus da agricultura.

De outra feita,indo para a guerra,Ogum encontrou,à margem de um riacho,
uma outra mulher,chamada Ojá,e com ela teve o filho Oxóssi.
Teve,também,três outras mulheres que tornaram-se,depois,mulheres de Xangô.

Kawo Kabieyesi Alafin Oyó Alayeluwa!
Saudemos o Rei Xangô,o dono do palácio de Oyó,Senhor do Mundo!"

A primeira,Iansâ,era bela e fascinante;
a segunda,Oxum,era coquete e vaidosa;
a terceira,Obá era vigorosa e invencível na luta.

Ogum continuou suas guerras.
Durante uma delas,ele tomou Irê.
Antigamente,esta cidade era formada por sete aldeias.
Por isto chamam-no,ainda hoje,Ogum mejejê lodê Irê-
"Ogum das sete partes de Irê"
Ogum matou o rei Onirê e o substituiu pelo próprio filho,
conservando para si o título de Rei.
Ele é saudado como Ogum Onirê! "Ogum Rei de Irê!"
Entretanto,ele foi autorizado a usar apenas uma coroa,"akorô".
Daí ser chamado,também,de Ogum Alakorô-"Ogum dono da pequena coroa".

Após instalar seu filho no trono de Irê,
Ogum voltou a guerrear por muitos anos.
Quando voltou a Irê,após longa ausência,ele não reconheceu o lugar.
Por infelicidade,no dia de sua chegada,celebrava-se uma cerimônia,
na qual todo mundo devia guardar silêncio completo.
Ogum tinha fome e sede.
Ele viu as jarras de vinho da palma,
mas não sabia que elas estavam vazias.
O silêncio geral pareceu-lhe sinal de desprezo.
Ogum,cuja paciência é curta,encolerizou-se.
Quebrou as jarras com golpes de espada e cortou a cabeça das pessoas.

A cerimônia tendo acabado,apareceu,finalmente o filho de Ogum
e ofereceu-lhe seus pratos prediletos:
caracóis e feijão,regados com dendê;
tudo acompanhado de muito vinho de palma.

"Ogum,violento guerreiro,
o homem louco dos músculos de aço.
Ogum,que tendo água em casa,
lava-se com sangue!"

"Os prazeres de Ogum são o combate e as brigas.
O terrível orixá,que morde a si mesmo sem dó.
Ogum mata o marido no fogo e a mulher no fogareiro.
Ogum mata o ladrão e o proprietário da coisa roubada!"

Ogum,arrependido e calmo,lamentou seus atos de violência,
e disse que já vivera bastante,
que viera agora o tempo de repousar.
Ele baixou,então,sua espada e desapareceu sob a terra.
Ogum tornara-se um orixá.

Lenda Xango


Xangô era filho de Oranian, valoroso guerreiro,
cujo corpo era preto à direita e branco à esquerda.
Homem valente à direita,
homem valente à esquerda.
Homem valente em casa,
homem valente na guerra.
Oranian foi o fundador do Reino de Oyó, na terra dos iorubas.
Durante suas guerras, ele passava sempre por Empê,
em território Tapá, também chamado Nupê.
Elempê, o rei do lugar, fez uma aliança com Oranian
e deu-lhe, também, sua filha em casamento.
Desta união nasceu este filho vigoroso e forte, chamado Xangô.
Durante sua infância em Tapá, Xangô só pensava em encrenca.
Encolerizava-se facilmente, era impaciente,
adorava dar ordens e não tolerava reclamação.
Xangô só gostava de brincadeira de guerra e de briga.
Comandando os pivetes da cidade, ele ia roubar os frutos das árvores.
Crescido, seu caráter valente o levou a partir em busca de aventuras gloriosas.
Xangô tinha um Oxé - machado de duas lâminas;
tinha, também, um saco de couro, pendurado no seu ombro esquerdo.
Nele encontravam-se os elementos do seu poder ou axé:
aquilo que ele engolia para cuspir fogo e amedrontar, assim, seus adversários,
e a pedra de raio com as quais ele destruía as casas de seus inimigos.
O primeiro lugar que Xangô visitou chamava-se Kossô.
Aí chegando, as pessoas assustadas disseram:
"Quem é este perigoso personagem?"
"Ele é brutal e petulante demais!"
"Não o queremos entre nós!"
"Ele vai atormentar-nos!"
"Ele vai maltratar-nos!"
"Ele vai espalhar a desordem na cidade!"
"Não o queremos entre nós!"
"Mas Xangô os ameaçou com seu oxé.
Sua respiração virou fogo
e ele destruiu algumas casas com suas pedras de raio.
Todo mundo de Kossô veio pedir-lhe clemência, gritando:

Kabiyei Sango, Kawo Kabiyei Sango Obá Kossô!
"Vamos todos ver e saudar Xangô, Rei de Kossô!"

Quando Xangô tornou-se rei de Kossô, ele pos-se à obra.
Contrariamente ao que as pessoas desconfiavam e temiam,
Xangô fazia as coisas com alma e dignidade.
Ele realizava trabalhos úteis à comunidade.
Mas esta vida calma não convinha a Xangô.
Ele adorava as viagens e as aventuras.
Assim, partiu novamente e chegou à cidade de Irê, onde morava Ogum.

Ogum o terrível guerreiro,
Ogum o poderoso ferreiro.
Ogum estava casado com Iansã, senhora dos ventos e das tempestades.
Ela ajudava Ogum em suas atividades.
Toda manhã, Iansã o acompanhava à forja
e o ajudava, carregando suas ferramentas.
Era ela, ainda, que acionava os sopradores para atiçar o fogo.
O vento soprava e fazia: fuku, fuku, fuku.
E Ogum batia sobre a bigorna: beng, beng, beng...

Xangô gostava de sentar-se ao lado da forja para ver Ogum trabalhar.
Vez por outra, ele olhava para Iansã.
Iansã, também, espiava furtivamente Xangô.

Xangô era vaidoso e cuidava muito da sua aparência,
a ponto de trançar seus cabelos como os de uma mulher.
Ele fizera furos nos lobos de suas orelhas, onde pendurava argolas.
Usava braceletes e colares de contas vermelhas e brancas.
Que elegância!
Muito impressionada pela distinção e pelo brilho de Xangô,
Iansã fugiu com ele e tornou-se sua primeira mulher.

Xangô voltou por pouco tempo a Kossô,
seguindo depois, com seus súditos, para o reino de Oyó,
o reino fundado, antigamente, por seu pai Oranian.
O trono estava ocupado por um meio-irmão de Xangô, mais velho que ele,
chamado Dadá-Ajaká - rei pacífico, que amava a beleza e a arte.
Xangô instalou-se em Oyó, num novo bairro que chamou de Kossô.
E conservou, assim, seu título de Obá Kossô - "Rei de Kossô".
Xangô guerreava para seu irmão Dadá.
O reino de Oyó expandia-se para os quatro cantos do mundo.
Ele se estendeu para o Norte.
Ele se estendeu para o Sul.
Ele se estendeu para o Leste e ele se estendeu para o Oeste.
Xangô, então, destronou seu irmão Dadá-Ajaká e fez-se rei em seu lugar.

"Viva o Rei Xangô, dono do palácio de Oyó e Senhor do Mundo!"

Xangô construiu um palácio de cem colunas de bronze.
Ele tinha um exército de cem mil cavaleiros.
Vivia entre suas mulheres e seus filhos.
Iansã, sua primeira mulher, era bonita e ciumenta.
Oxum, sua segunda mulher, era coquete e dengosa.
Obá, sua terceira mulher, era robusta e trabalhadora.

Sete anos mais tarde, foi o fim do seu reino:
Xangô, acompanhado de Iansã, subira à colina Igbeti,
cuja vista dominava seu palácio de cem colunas de bronze.
Ele queria experimentar uma nova fórmula que inventara para lançar raios.

Baoummm!!!

A fórmula era tão boa que destruiu todo o seu palácio!
Adeus mulheres, crianças, servos, riquezas, cavalos, bois e carneiros.
Tudo havia desaparecido fulminado, espalhado e reduzido a cinzas.
Xangô, desesperado, seguido apenas de Iansã, voltou para Tapá.
Entretanto, chegando a Kossô, seu coração não suportou tanta tristeza.
Xangô bateu violentamente com os pés no chão e afundou-se terra adentro.
Iansã, solidária, fez o mesmo em Irá.
Oxum e Obá transformaram-se em rios
e todos tornaram-se orixás.

Xangô, orixá do trovão, Kawo Kabiyei Le!
Iansã, orixá das águas doces, Orê Yeyê ô!

Lenda Iansa

Iansã

Êpa Heyi!

Ogum foi um dia caçar na floresta.
Ele ficou na espreita e viu um búfalo vindo em sua direção.
Ogum avaliou logo a distância que os separava
e preparou-se para matar o animal com a sua espada.
Mas viu o búfalo parar e, de repente,
baixar a cabeça e despir-se de sua pele.
Desta pele saiu uma linda mulher.
Era Iansã, vestida com elegância, coberta de belos panos,
um turbante luxuoso amarrado à cabeça
e ornada de colares e braceletes.
Iansã enrolou sua pele e seus chifres,
fez uma trouxa e escondeu num formigueiro.
Partiu, em seguida, num passo leve, em direção ao mercado da cidade,
sem desconfiar que Ogum tinha visto tudo.

Assim que Iansã partiu, Ogum apoderou-se da trouxa,
foi para casa, guardou-a no celeiro de milho
e seguiu, também, para o mercado.
Lá, ele encontrou a bela mulher e cortejou-a.
Iansã era bela, muito bela, era a mais bela mulher do mundo.
Sua beleza era tal que se um homem a visse, logo a desejaria.
Ogum foi subjugado e pediu-a em casamento.
Iansã apenas sorriu e recusou sem apelo.
Ogum insistiu e disse-lhe que a esperaria.
Ele não duvidava de que ela aceitasse sua proposta.
Iansã voltou à floresta e não encontrou seu chifre nem sua pele.
"Ah! Que contrariedade! Que teria se passado? Que fazer?"
Iansã voltou ao mercado, já vazio, e viu Ogum que a esperava.

Ela perguntou-lhe o que ele havia feito daquilo que ela deixara no formigueiro.
Ogum fingiu inocência e declarou que nada tinha a ver,
nem com o formigueiro, nem com o que estava nele.
Iansã não se deixou enganar e disse-lhe:
"Eu sei que você escondeu minha pele e meu chifre.
Eu sei que você se negará a me revelar o esconderijo
Ogum, vou me casar com você e viver em sua casa.
Mas, existem certas regras de conduta para comigo.
Estas regras devem ser respeitadas, também, pelas pessoas da sua casa.
Ninguém poderá me dizer: Você é um animal!
Ninguém poderá utlizar cascas de dendê para fazer fogo.
Ninguém poderá rolar um pilão pelo chão da casa".

Ogum respondeu que havia compreendido e levou Iansã.
Chegando em casa, Ogum reuniu suas outras mulheres e
explicou-lhes como deveriam comportar-se.
Ficara claro para todos que ninguém deveria discutir com Iansã,
nem insultá-la.

A vida organizou-se.
Ogum saía para caçar ou cultivar o campo.
Iansã, em vão, procurava sua pele e seus chifres.
Ela deu à luz a uma criança, depois um a segunda e uma terceira...
Ela deu à luz a nove crianças.
Mas as mulheres viviam enciumadas da beleza de Iansã.

Cada vez mais enciumadas e hostis,
elas decidiram desvendar o mistério da origem de Iansã.
Uma delas conseguiu embriagar Ogum com vinho de palma.
Ogum não pôde mais controlar suas palavras e revelou o segredo.
Contou que Iansã era, na realidade, um animal;
que sua pele e seus chifres estavam escondidos no celeiro de milho.
Ogum recomendou-lhes ainda:
"Sobretudo não procurem vê-los, pois isto a amedrontará.
Não lhes digam jamais que é um animal!"
Depois disso, logo que Ogum saía para o campo,
as mulheres insultavam Iansã:
"Você é um animal! Você é um animal!!"

Elas cantavam enquanto faziam os trabalhos da casa:
"Coma e beba, pode exibir-se, mas sua pele está no celeiro de milho!"
Um dia, todas as mulheres saíram para o mercado.
Iansã aproveitou-se e correu para o celeiro.
Abriu a porta e, bem no fundo, sob grandes espigas de milho,
encontrou sua pele e seus chifres.
Ela os vestiu novamente e se sacudiu com energia.
Cada parte do seu corpo retomou exatamente seu lugar dentro da pele.

Logo que as mulheres chegaram do mercado, ela saiu bufando.
Foi um tremendo massacre, pelo qual passaram todas.
Com grandes chifradas Iansã rasgou-lhes a barriga,
pisou sobre os corpos e redou-os no ar.
Iansã poupou seus filhos que a seguiam chorando e dizendo:
"Nossa mãe, nossa mãe! É você mesma?
Nossa mãe, nossa mãe!! Que você vai fazer?
Nossa mãe, nossa mãe!!! Que será de nós?"
O búfalo os consolou, roçando seu corpo carinhosamente no deles e dizendo-lhes:
"Eu vou voltar para a floresta; lá não é um bom lugar para vocês.
Mas, vou lhes deixar uma lembrança."
Retirou seus chifres, entregou-lhes e continuou:
"Quando qualquer perigo lhes ameaçar,
quando vocês precisarem dos meus conselhos,
esfreguem estes chifres um no outro.
Em qualquer lugar que vocês estiverem,
em qualquer lugar que eu estiver,
escutarei suas queixas e virei socorrê-los."

Eis porque dois chifres de búfalo estão sempre no altar de Iansã.

sábado, 23 de julho de 2011

LENDA DE YEMANJÁ


Yemonjá, grande orixá das águas, era filha de Olokun, o senhor dos oceanos. Era possuidora de um grande instinto maternal, que fez dela mãe de dez filhos. Embora casada, não tinha grande apego por seu marido. Às vezes, pensava em deixá-lo, mas ele era um homem muito importante e poderoso, e não permitiria tal desonra. Yemonjá também pensava no bem-estar de seus filhos, não podendo deixá-los desamparados.

Seu marido usava o poder com tirania, inclusive com sua família, tornando a vida dela insuportável. Ela não agüentava mais se submeter aos caprichos de um homem que ela desprezava.

Ela procurou seu pai para aconselhar-se sobre a atitude que deveria tomar. No fundo, ela já estava decidida a fugir, mas precisava de seu apoio. Olokun não a recriminou, pois ela era uma soberana e, como tal, não poderia aceitar o jugo de ninguém. Ele, então, deu à sua filha uma cabaça com encantamentos, para que ela usasse quando estivesse em perigo.

Yemonjá colocou seu plano em prática, fugindo com todos os seus filhos.

Quando ela já estava bem longe de sua aldeia, viu que estava sendo perseguida pelo exército de seu marido. Pensou em enfrentá-los, mas eles eram muitos e seria uma luta desleal. Yemonjá odeia os confrontos, pela destruição que causam, já que é um orixá propagador de vida.

Quando se sentiu acuada, resolveu abrir a cabaça e pedir socorro ao seu pai. Do seu interior escoou um líquido escuro, que, ao tocar o chão, imediatamente formou um rio, que corria em direção ao oceano.

Foi nessas águas que Yemonjá e seu povo encontraram um caminho para a liberdade.
LENDA DE OXUM

Conta a lenda que Oxalá, numa de suas caminhadas pelo mundo, iria passar pela aldeia de Oxum, onde pretendia parar e descansar.
Exú, mensageiro dos orixás, correu para avisar Oxum que o grande orixá fun-fun estava a caminho de sua cidade. Era preciso organizar uma grande recepção, pois a visita era muito importante para todos. Ela, então, apressou-se com os preparativos da festa, ordenando a limpeza de todas as casas e lugares públicos da aldeia, bem como que os enfeites utilizados fossem da cor branca. Oxum cuidou pessoalmente da ornamentação e limpeza de seu palácio, pois tudo tinha que estar perfeito, à altura de Oxalá.
Com tantos afazeres importantes, em tão curto espaço de tempo, Oxun não se lembrou de convidar as Iya-mi para a grande festa.
As feiticeiras não perdoaram essa desfeita. Sentindo-se muito desprestigiadas, resolveram desmoralizar Oxum perante os convidados.
No dia da chegada de Oxalá à cidade, Oxorongá entrou disfarçada no palácio para colocar, no assento do trono da Oxum, um preparado mágico, que não fora notado por ninguém.
Toda a cidade estava impecavelmente limpa e ornamentada. O palácio de Oxum, que fora caprichosamente preparado, tinha seus móveis e utensílios cobertos por tecidos de uma alvura imaculada. Branca também seria a cor das roupas utilizadas na cerimônia.
Oxalá finalmente chegou, sendo respeitosamente reverenciado numa grande demonstração de fé e admiração ao grande mensageiro da paz.
Oxun, sentada em seu trono, esperava com impaciência a entrada de Oxalá em seu palácio, quando iria oferecer-lhe seu próprio assento. Mas, ao tentar levantar-se, percebeu que estava presa em sua cadeira e, por mais força que fizesse, não conseguia soltar-se. O esforço que empreendeu foi tão grande, que, mesmo ferida, conseguiu ficar em pé, mas uma poça de sangue havia manchado suas roupas e também sua cadeira.
Quando Oxalá viu aquele sangue vermelho no trono em que se sentaria, ficou tão contrariado, que saiu imediatamente do recinto, sentindo-se muito ofendido.
Oxum, envergonhada com o acontecido, não conseguia entender porque havia ficado presa em sua própria cadeira, uma vez que ela mesma tinha cuidado de todos os preparativos.
Escondendo-se de todos, foi consultar o oráculo de Ifá para obter um conselho. O jogo, então, lhe revelou que Oxorongá havia colocado feitiço em seu assento, por não ter sido convidada.
Exú, a pedido de Oxum, foi em busca do grande pai, para relatar-lhe o ocorrido.
Oxalá retornou ao palácio, onde a grande mãe das águas estava sentada de cabeça baixa, muito constrangida. Quando ela o viu, começou a abanar seu abebe, transformando o sangue de suas roupas em penas vermelhas, que, ao voar, caíram sobre a cabeça de todos os que ali estavam, inclusive a de Oxalá. Em reconhecimento ao esforço que ela empreendeu para homenageá-lo, ele aceitou aquela pena vermelha (ekodide), prostrando-se à sua frente, em sinal de agradecimento.

A partir de então, essa pena foi introduzida nos rituais de feitura do Candomblé.

Lenda Oxalá

Oxalufã (Oxalá velho) era um rei muito idoso que andava com dificuldade, apoiado em seu cajado, o opaxorô. um dia, sentindo saudades do filho xangô, resolveu visitá-lo. Como era costume na terra dos Orixás, consultou um Babalaô para saber como seria a viagem. Este recomendou que não viajasse. Mas, como o Orixá teimasse em ver o filho, foi instruído a levar três roupas brancas e limo da costa ( pasta extraída do caroço de dendê ) e fazer tudo o que lhe pedissem.



Com essas precauções, o Orixá partiu e, no meio do caminho, encontrou Exu Elepô, dono do azeite-de-dendê, sentado a beira da estrada, com um pote ao lado. Com boas maneiras, ele pediu a Oxalufã que o ajudasse a colocar o pote nos ombros. O velho orixá, lembrando as palavras do Babalaô, resolveu auxiliá-lo; mas Exu Elepô, que adora brincar. Derramou todo o dendê sobre Oxalufã.



O orixá manteve a calma, limpou-se no rio com um pouco do limo, vestiu outra roupa e seguiu viagem. Mais adiante encontrou Exu Onidu, dono do carvão, e Exu Aladi, dono do óleo do caroço de dendê. Por duas vezes mais foi vitima dos brincalhões e procedeu como da primeira vez, limpando-se e vestindo roupas limpas, continuando sua caminhada rumo ao reino de xangô.



Ao se aproximar das terras do filho, avistou um cavalo que conhecia muito bem, pois presenteara Xangô com o animal tempos atrás. Resolveu amarrá-lo para levá-lo de volta, mas foi mal interpretado pelos soldados, que julgaram-no um ladrão. Sem permitir explicações, eles espancaram o velho ate quebrar seus ossos e o arrastaram para a prisão. Usando seus poderes, Oxalá fez com que não chovesse mais desse dia em diante; as colheitas foram prejudicadas e as mulheres ficaram estéreis.



Preocupado com isso, Xangô consultou seu Babalaô e este afirmou que os problemas se relacionavam a uma injustiça cometida sete anos antes, pois um dos presos fora acusado de roubo injustamente. O Orixá dirigiu-se a prisão e reconheceu o pai. Envergonhado, ordenou que trouxessem água para limpá-lo e, a partir desse dia, exigiu que todos no reino se vestissem de branco em sinal de respeito ao pai, como forma de reparar a ofensa cometida. é por isso que em todos os terreiros do Brasil comemora-se as águas de Oxalá, cerimônia na qual todos os participantes vestem-se de branco e limpam seus apetrechos com profunda humildade para atrair a boa sorte para o ano todo.









Oxalá era marido de Nanã, senhora do portal da vida e da morte. E por determinação dela, somente os seres femininos tinham acesso ao portal, não permitindo aproximação de seres masculinos em hipótese alguma. Determinação que servia também para Oxalá, que com o passar do tempo não se conformava com esta decisão, não só por ser marido de Nanã, como por sua própria importância no panteão dos orixás. Assim pensou até que encontrou uma forma de burlar as determinações de sua esposa. Não fugindo de sua cor branca, vestiu-se de mulher, colocou o adê (coroa) com os chorões no rosto, próprio das iabás e aproximou-se no portal satisfazendo enfim sua curiosidade. Foi pego, porém, por Nanã no exato momento em que via o outro lado da dimensão. Nanã aproximou-se e determinou: - "Já que tu, meu marido, vestiste-te de mulher para desvendar um segredo tão importante, vou compartilhá-lo contigo. Terás, então, a incumbência de ser o princípio do fim, aquele que tocará o cajado três vezes ao solo para determinar o fim de um ser. Porém, jamais conseguirás te desfazer das vestes femininas e, daqui para frente terás todas as oferendas fêmeas!" E Oxalá passou a comer não mais como os demais santos aborós (homens), mas sim cabras e galinhas como as iabás. E jamais se desfez das vestes de mulher. Em compensação, transformou-se no senhor do princípio da morte e conheceu todos os seus segredos.

Lendas

lenda Exu
A Lenda

Conta a lenda que houve uma demanda entre Exú e Oxalá para que pudesse saberquem era o mais forte e respeitado, e foi aí que Oxalá provou a sua superioridade pois, durante o combate, Oxalá apoderou-se da cabaça de Exú a qual continha o seu poder mágico transformando-o assim em seu servo.

Oxalá então permitiria que Exú a partir de então recebesse todas as oferendas e sacrifícios em primeiro lugar. A Importância de Exú é
fundamental, uma vez que ele possui o privilégio de receber todas as oferendas e obrigações em primeiro lugar, nenhuma obrigação deve ser feita sem primeiro saudar a Exú.

É o dono de todas as encruzilhadas e caminhos, é o homem da rua, quem guarda a porta e o portão de nossas casas, quem tranca, destranca e movimenta os mercados, os negócios, etc. Exú também nos confirma tudo no jogo de IFÁ (Búzios).


Lenda

Conta-se que Aluman estava desesperado com uma grande seca. Seus campos estavam secos e a chuva não caia. As rãs choravam de tanta sede e os rios estavam cobertos de folhas mortas, caídas das árvores. Nenhum Orixá invocado escutou suas queixas e gemidos.

Aluman decidiu, então, oferecer a Exú grandes pedaços de carne de bode. Exú comeu com apetite desta excelente oferenda. Só que Aluman havia temperado a carne com um molho muito apimentado. Exú teve sede. Uma sede tão grande que toda a água de todas as jarras que ele tinha, e que tinham, em suas casas, os vizinhos, não foi suficiente para matar sua sede!

Exú foi á torneira da chuva e abriu-a sem pena. A chuva caiu. Ela caiu de dia, ela caiu de noite. Ela caiu no dia seguinte e no dia depois, sem parar. Os campos de Aluman tornaram-se verdes. Todos os vizinhos de Aluman cantaram sua glória:

Dono dos dendezeiros, cujos cachos são abundantes;

Dono dos campos de milho, cujas espigas são pesadas!

Dono dos campos de feijão, inhame e mandioca!


E as rãzinhas gargarejavam e coaxavam, e o rio corria velozmente para não transbordar! Aluman, reconhecido, ofereceu a Exú carne de bode com o tempero no ponto certo da pimenta. Havia chovido bastante. Mais, seria desastroso! Pois, em todas as coisas, o demais é inimigo do bom.

Os Orixas

Exu: o mensageiro, o ponto de contato entre os Orixás e os seres humanos;
Oxalá: o senhor da força, o senhor do poder da vida.
Oxum: as águas doces;
Iemanjá: a rainha dos peixes das águas salgadas;
Iansã: os ventos, chuvas fortes, os relâmpagos;
Xangô: a força do trovão e o fogo provocado pelos relâmpagos quando (diz uma lenda que "sem Iansã, Xangô não faz fogo ... ") chegam 'a Terra;
Ogum ou Ogun: senhor dos caminhos; os desbravador dos caminhos; senhor do ferro;
Oxossí: o Orixá Odé, o Orixá caçador, senhor da fartura 'a mesa, senhor da caça;
Ossãe: o Orixá das folhas e, sem folhas, nada é possível na Umbada ou no Candomblé; o dono, preservador, das matas e florestas, das folhas medicinais, das ervas de culto;
Obá: a guerreiro, a força da libertade;
Nanã: senhora do lodo, das águas lodosas da junção entre o rio e o mar, fonte de vida, e também senhora da morte;
Obaluayê: "O dono da Terra, o Senhor da Terra"; o Orixá das doenças, senhor dos mortos (pois conta uma lenda que Obaluayê foi o único Orixá que dominou a morte, Iku); é aquele que tira a doença, mas também aquele que dá a doença.
Oxumaré: é o Orixá do arco-íris, um dos pontos de ligação entre o Aye (a Terra) e o Orun (o Céu); também representa a fartura, o bem estar.

Imagem Obá

Lenda de Obá

Obá era uma mulher cheia de vigor e coragem.
Faltava-lhe, talvez, um pouco de charme e refinamento.
Mas ela não temia ninguém no mundo.
Seu maior prazer era lutar.
Seu vigor era tal que ela escolheu a luta e o pugilato como profissão.
Obá venceu todas as disputas que foram organizadas entre ela e diversos orixás.
Ela derrubou Obatalá, tirou Oxóssi de combate
e deixou no chão Orunmilá.
Oxumaré não resistiu à sua força.
Ela desafiou Obaluaê e botou Exu pra correr.
Chegou a vez de Ogum!

Ogum teve o cuidado de consultar Ifá, antes da luta.
Os adivinhos lhe disseram para fazer oferendas,
compostas de duzentas espigas de milho e muitos quiabos.
Tudo pisado num pilão para se obter uma massa viscosa e escorregadia.
Esta substância deveria ser depositada num canto do terreno onde eles lutariam.
Ogum seguiu fielmente estas instruções.

Na hora da luta, Obá chegou dizendo:
"O dia do encontro é chegado."
Ogum confirmou:
"Nós lutaremos, então, um contra o outro."

A luta começou.
No início, Obá parecia dominar a situação.
Ogum recuou em direção ao lugar onde ele derramara a oferenda.
Obá pisou na pasta viscosa e escorregou.
Ogum aproveitou para derrubá-la.
Rapidamente, libertou-se do pano que vestia e a possuiu ali mesmo,
tornando-se, desta maneira, seu primeiro marido.

Mais tarde, Obá tornou-se a terceira mulher de Xangô, pois ela era forte e corajosa.
A primeira mulher de Xangô foi Oiá-Iansã, que era bela e fascinante.
A segunda foi Oxum, que era coquete e vaidosa.

Uma rivalidade logo se estabeleceu entre Obá e Oxum.
Ambas disputavam a preferência do amor de Xangô.
Obá sempre procurava aprender o segredo das receitas utilizadas por Oxum
quando esta preparava as refeições de Xangô.
Oxum irritada, decidiu preparar-lhe uma armadilha.
Convidou Obá a vir, um dia de manhã, assistir à preparação de um prato que,
segundo ela, agradava infinitamente a Xangô.
Obá chegou na hora combinada e encontrou Oxum
com um lenço amarrado à cabeça, escondendo as orelhas.
Ela preparava uma sopa para Xangô
onde dois cogumelos flutuavam na superfície do caldo.
Oxum convenceu Obá que se tratava de suas orelhas,
que ela cozinhava, desta forma,
para preparar o prato favorito de Xangô.
Este logo chegou, vaidoso e altivo.
Engoliu, ruidosamente e com deleite, a sopa de cogumelos e
galante e apressado, retirou-se com Oxum para o quarto.

Na semana seguinte, foi a vez de Obá cuidar de Xangô.
Ela decidiu pôr em prática a receita maravilhosa.
Xangô não sentiu nenhum prazer ao ver que Obá se cortara uma das orelhas.
Ele achou repugnante o prato que ela preparara.
Neste momento, Oxum chegou e retirou o lenço,
mostrando à sua rival que suas orelhas não haviam sido cortadas, nem comidas.
Furiosa, Obá precipitou-se sobre Oxum com impetuosidade.
Uma verdadeira luta se seguiu.
Enraivecido, Xangô trovejou sua fúria.
Oxum e Obá, apavoradas, fugiram e transformaram-se em rios.

Até hoje, as águas destes rios são tumultuadas e agitadas no lugar de sua confluência,
em lembrança da briga que opôs Oxum e Obá pelo amor de Xangô.

Saudaçao a Obá

http://youtu.be/6LQEorUmawE